De braços dados com a VIDA

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Setembro 2003 - 00h00
O ano era 1994, época na qual Rosângela ainda era criança. Como uma garota normal, desenhava cenários para o vasto futuro que se apresentava diante dela. No entanto, um fibro sarcoma – espécie de tumor maligno – a fez alterar as prioridades. Naquela situação, mais importante que sonhar com o amanhã era lutar pelo hoje. E o combate ganhava em dramaticidade cada vez que sua mãe calculava se teria dinheiro para se deslocar da periferia de Vitória, no Espírito Santo, até o hospital onde ocorreria a próxima sessão do tratamento. Além disso, a mesa quase vazia dava indícios da necessidade de algum tipo de auxílio externo. Foi nesse momento que a Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci) entrou em cena.

Apoio aos mais carentes

Fundada em 1988, a entidade fez grande diferença na vida de Rosângela, ao fornecer notável suporte para que o tratamento não fosse interrompido. Desde oferecer espaço especial para os momentos mais duros do tratamento até a compra das passagens de ônibus e doação de cestas básicas na fase de acompanhamento, a Acacci esteve presente. O resultado não poderia ter final mais feliz, apesar de todas as variantes negativas: ela venceu o câncer e, desde então, vem, pouco a pouco, retomando a própria vida. Contudo, a relação com a organização não foi interrompida com a cura. Segundo Suely Miranda Có, presidente da associação, “atualmente, Rosângela é uma competente funcionária do setor de telemarketing da Acacci”. Recém-casada, ela segue seu caminho de braços dados com as pessoas que foram fundamentais na sua recuperação.

Essa é a forma de atuação da Acacci, que também procura lutar junto aos órgãos competentes por melhores condições de assistência promovendo, o estudo da doença e do tratamento, também tornando-os conhecidos para a sociedade.

Trajetória

A associação foi criada por um grupo de pais de crianças portadoras de câncer e profissionais da área, que se organizaram para apoiar o setor de oncologia do Hos­pital Infantil Nossa Senhora da Glória. Suely lembra que o atendimento se dava em “instalações inadequadas e era preciso dar suporte às famílias das crianças atendidas, que passavam por grandes dificuldades sociais e vinham do interior do próprio estado, do sul da Bahia e leste de Minas Gerais”. Segundo ela, tais fatores acabavam impossibilitando o esquema terapêutico e, conseqüentemente, a possi­bilidade de cura.

Em 15 anos, a organização já aten­deu 1.373 pessoas, incluindo crianças, adolescentes e acompanhantes. Atualmente, são 420 pessoas que têm na Acacci um ponto de apoio, tanto financeiro quanto emocional. Uma equipe de aproximadamente 30 funcionários fica responsável pela parte administrativa, limpeza, cozinha, assistência social transporte, entre outras ações.

Estudos não são interrompidos

A Acacci tem motoristas responsáveis pela condução de dois carros – um para recolher doações e outro para transportar os pacientes da organização até o hospital. “Um deles foi adquirido com a quantia arrecadada pelo McDia Feliz de alguns anos atrás”, afirma a presidente da associação. Tal parceria vem sendo responsável por muitas conquistas, entre elas, a reforma da casa e da enfermaria hospitalar, fora a construção de uma sala de aula com computadores dentro do próprio hospital. O espaço vem cumprindo papel fundamental, já que permite às crianças internadas o acompanhamento escolar, evitando a perda do ano letivo. Hoje, tem capacidade para 15 alunos. Suely faz questão de frisar que “quando a criança não pode sair da cama e se deslocar até a sala de aula, a professora vai até o leito e dá seqüência ao processo de ensino”.

Origem dos recursos

Além da parceria com empresas, a organização realiza anualmente um baile e um chá-bazar, possui estratégia de telemarketing e recebe apoio financeiro e de serviços de uma rede de parceiros. Outra questão importante é envolver a comunidade rumo à conquista dos objetivos. Um exemplo é o bazar realizado ao final de cada ano, evento que mobiliza a comunidade local e gera renda por meio da venda dos convites e dos produtos produzidos pelos próprios atendidos. Os itens são resultado das oficinas de corte e costura, bordado e pintura que o grupo atual de 80 voluntários desenvolve regularmente com pacientes e acompanhantes com o intuito de atenuar o estresse e possibilitar o aumento da renda familiar. “Já foram registrados casos de mães que aprenderam um ofício e o transformaram em atividade profissional”, diz a presidente da organização.

O selo “Compromisso com a Criança”, oferecido a empresas parceiras, também é exemplo de sucesso em captação. É conseqüência de um trabalho desenvolvido pela entidade em conjunto com um grupo de universitários da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). Atualmente existem 56 em­pre­sas associadas que contribuem financeiramente ou por pres­tação de serviços, como lavagem de roupa de cama ou elaboração de campanhas de comunicação.

Transparência

Buscando fortalecer a relação com os apoiadores, a Acacci preza pela trans­parência na gestão dos recursos: apresenta anualmente um balanço de atividades em jornais de grande circulação no Espírito Santo, dando conta do destino dos recursos que, no último ano, somaram cerca de R$ 936 mil. Suely lembra que “recentemente, a organização passou por forte processo de auditoria, uma vez que estava concorrendo ao prêmio Bem-Eficiente de 2003. Felizmente ganhamos o prêmio, o que indica tudo certo em nossa contabilidade”.

Assim como Rosângela – personagem que simboliza a missão da organização nessa matéria –, a Acacci planeja seu futuro e tem ciência dos desafios. Há pouco tempo, uma extensa área foi comprada a fim de que uma nova sede pudesse ser construída. Isso porque a capacidade atual está no limite e o aluguel é um peso no orçamento. A edificação acontecerá de forma modular, havendo, inclusive, espaço destinado ao tratamento de pacientes de transplante de medula, serviço nem mesmo disponível na rede hospitalar do Estado.

Dessa maneira, a associação vem perseguindo seus objetivos, organizando ações de apoio emocional, moral, social e educativo às crianças portadoras da doen­ça e às famílias, tornando o trata­mento menos doloroso. “Oferecer tratamento adequado contra câncer infantil é criar a possibilidade de se voltar para casa, de voltar a sorrir, a brincar, a ter uma vida normal”, conclui Suely.

Números da Acacci

1.373 pessoas atendidas na história da associação, sendo 420em tratamento

1.228 famílias beneficiadas pelos projetos de apoio

80 voluntários atuantes e histórico de 300 que já colaboraram com a organização

56 empresas associadas ao selo “Compromisso com a Criança”

78 mil reais é o faturamentomensal da casa

72 mil reais são gastosmensalmente

PARCEIROS

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