Dira Paes

Por: Juliana Fernandes
01 Setembro 2010 - 00h00

Atuação pelos Humanos

Dira Paes é paraense e, desde os 15 anos, trabalha como atriz. Curiosamente, sua estreia aconteceu em uma produção internacional, Floresta das Esmeraldas, em 1985. No decorrer de sua carreira, recebeu diversos prêmios por sua atuação no cinema e na televisão.

Entre as personagens de sucesso, merecem destaque Norminha, da novela Caminho das Índias, e Solineuza, do seriado A Diarista. Fora das telas, a atriz desenvolve um papel social na luta pelos Direitos Humanos no Brasil. Ela atua como diretora na ONG Movimento Humanos Direitos (MHuD), que reúne atores, intelectuais, professores, cartunistas e jornalistas. A organização se dedica a questões relacionadas ao trabalho escravo, aos direitos da criança e do adolescente e à preservação das comunidades indígenas.

Este ano, o foco do MHuD é lutar pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a desapropriação e o confisco da propriedade onde houver flagrante do crime de trabalho escravo. Em entrevista à Revista Filantropia, a atriz fala sobre seu envolvimento com a causa e a importância do Terceiro Setor para a erradicação dos problemas sociais no país.

Revista Filantropia: Além do seu trabalho como atriz, você também atua como voluntária e diretora na ONG Movimento Humanos Direitos (MHuD). Comente sobre o projeto.

Dira Paes: O Movimento Humanos Direitos existe desde 2002 e partiu da necessidade de fortalecer o encontro de artistas, intelectuais, professores e voluntários para lançar um olhar profundo sobre a condição dos Direitos Humanos no Brasil. O padre Ricardo Rezende é a nossa inspiração. Ele é um doutor em trabalho escravo no Brasil, uma das nossas primeiras causas. A gente atua também na questão do meio ambiente e nas questões dos direitos das crianças e dos adolescentes. Este ano, estamos dando um enfoque especial para a questão do trabalho escravo, para que a PEC seja aprovada definitivamente, pela desapropriação de terras onde exista frequencia de trabalho escravo, e combater essa ideia.

RF: Qual a melhor forma de identificar e solucionar esses problemas?

DP: Estar com um “olho aguçado” sobre as causas e tentar fazer com que a nossa visibilidade sirva para essas questões, que são muito cruéis, porque na maioria dos casos são intensas, justamente por não terem olhares, por não terem órgãos que as fiscalizem, e há uma necessidade muito grande.

RF: O que você destacaria como a principal conquista do Movimento desde a sua criação, em 2002?

DP: Eu falo que pequenas conquistas são grandes conquistas. Agora, por exemplo, conseguimos que os candidatos
à presidência da república assinassem uma carta-compromisso com as questões dos Direito Humanos. Isso já é uma grande coisa.

RF: De que forma você começou a atuar na área social? O que te motivou a desenvolver esse trabalho?

DP: Eu sempre vi minha mãe fazendo um papel de assistente social e sempre tive essa inquietude sobre o abismo que existe no Brasil, a falta de direitos cumpridos, uma coisa que desde a adolescência me incomodou muito. Sempre que pude, tive uma atuação dentro do cenário do meu Estado, que é muito explorado dentro de suas riquezas. Então, nesse sentido, eu acho que estive alerta sobre essas questões e encontrei pessoas dentro do meu trabalho e do meu âmbito de amizades que também têm esse mesmo olhar. Acho que é uma maneira saudável de conviver entre amigos e praticar uma coisa em prol de si mesmo, porque melhora para todos. Trabalhar por isso é uma sensação muito boa.

RF: Em sua opinião, qual a importância do trabalho das ONGs para o desenvolvimento dos Direitos Humanos no Brasil?

DP: Hoje em dia, o Terceiro Setor é reconhecidamente essencial. A sociedade já não vive sem essa ajuda, essa assistência. Temos que aproveitar as pessoas inteligentes e de bem que desenvolvem projetos ao seu redor. Às vezes, os pequenos atos e acertos são os que transformam mesmo a humanidade. Nesse processo, as ONGs têm um trabalho fundamental, que tem de ser sério e com muita responsabilidade, prestando um serviço transparente.

RF: Você acredita que a classe artística contribui para o sucesso de iniciativas sociais?

DP: Não acho que isso tenha uma relação direta. Eu acho que a seriedade, a disponibilidade das pessoas que se dedicam
ao trabalho voluntário é o que importa. Não importa se é uma pessoa com visibilidade ou não. Até mesmo porque, geralmente, precisa de vários representantes de outras áreas para poder formar uma equipe. Então você nunca tem algo homogêneo, só com um perfil.

RF: Mas a televisão, por ser um veículo de massa, ajuda a conscientizar a população sobre os problemas
sociais do país?

DP: Acho que sim. Acho que a gente tem uma voz como cidadão. O público entende quando a gente se expressa como artista e quando a gente se expressa como um cidadão normal, como qualquer outro.

RF: E você acha que as pessoas estão mais engajadas e conscientes sobre o exercício da cidadania?

DP: Acredito que sim. A primeira vez que eu ouvi, conscientemente, as pessoas se manifestarem sobre a palavra cidadania aconteceu durante a era Betinho. Tudo passa por isso, é uma questão de cidadania você não querer mais do que você tem direito, e não deixar também de fazer o seu dever. A cidadania é uma consciência que é desenvolvida, e isso faz realmente com que a convivência se torne muito melhor entre as pessoas.

RF: Além do trabalho no Movimento, você realiza alguma outra ação social?

DP: Sim, em várias situações. Mas é natural, a maioria dos amigos que eu conheço tem um envolvimento. Hoje em dia existe uma grande fatia da sociedade que está alerta e contribui de alguma forma. A gente precisa cotidianamente
fazer algo por alguém.

 

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