Conhecida por integrar a banda Pato Fu, Fernanda Takai é cantora, compositora e cronista. Há 22 anos, é a cantora da banda mineira e, recentemente, iniciou sua carreira solo. Fernanda já lançou 15 álbuns, DVDs e tem 4 discos de ouro. Já recebeu diversos prêmios e tem três livros publicados.
A artista se apresentou como convidada de projetos de artistas como Gilberto Gil, João Donato, Roberto Menescal, Zélia Duncan, entre outros.
Atualmente, Fernanda se engaja em campanhas em defesa pelos animais e também apoia a campanha de crowdfunding #sejaumapossibilidade, da ONG Novo Céu, de Minas Gerais.
Em entrevista à Revista Filantropia, Fernanda fala sobre seu engajamento social e sobre sua visão da área social como um todo no país.
Revista Filantropia: Você tem participado de diversas campanhas em defesa dos animais. Como você avalia o trabalho que vem sendo desenvolvido pelas ONGs de proteção animal?
Fernanda Takai: Percebo que cada uma tem seu jeito de lidar com os três aspectos mais importantes, a meu ver: educação, incentivo à adoção e busca de novos parceiros. O trato diário geralmente é parecido e depende muito do tamanho da instituição. Acho que um método infalível de garantir que os animais sejam bem cuidados é a triagem muito criteriosa de quem vai trabalhar para isso não sendo apenas voluntário. Quem ama os bichos é sempre responsável e carinhoso, mas quem está apenas pensando no salário pode causar muitos estragos emocionais e físicos aos que mais precisam de atenção.
RF: Ultimamente, você vem direcionando seu trabalho de cantora e escritora para o público infantil. Você acredita que as ações sociais e a atenção que vêm sendo dispendidas para esse público levará a uma melhora significativa no futuro da nossa sociedade?
FT: Sabe que foi quase por acaso? Ao longo de minha carreira, que já tem 22 anos, muita coisa foi acontecendo. Eu sempre tive uma relação fácil com o público infantil. Quando fizemos o Música de Brinquedo, ela estreitou-se. Paralelamente, eu tinha lançado dois livros de contos e crônicas, então achei que seria interessante apresentar para essa nova audiência a minha tentativa de ser – eventualmente – uma escritora. Não tenho dúvida alguma de que a base de uma sociedade equilibrada, respeitosa e diversa é a boa educação, o incentivo às artes, ao esporte, à música, à dança. Pessoas sensibilizadas por tudo isso tendem a pensar coletivamente de maneira mais saudável.
RF: Quais pautas devem ser tratadas com prioridade no Brasil para que possamos promover o bem-estar social a todos os seus cidadãos?
FT: Saber escutar o que o outro tem a dizer, e ler muito também. O ser humano não deve perder nunca a vontade de aprender um novo idioma, fazer cursos de aperfeiçoamento profissional, adquirir alguma habilidade extracurricular, participar de forma ativa na sua vizinhança (através da escola, associação de bairro, igrejas, ONGs). Isso tudo só é alcançado com uma boa base educacional. Não é à toa que se insiste muito na parceria família-escola. Os indivíduos espelham geralmente o que está à sua volta, é raro alguém romper barreiras por si só.
RF: O que você acha da atuação do Terceiro Setor no Brasil?
FT: Ainda é tímida para o tamanho do país, não só em termos geográficos, mas também de movimentação financeira. Pode ser uma fase de transição e aprendizado ainda. Criticamos muito o Brasil, mas somos uma nação jovem nessa linha do tempo que é a civilização. Acho que ainda estamos separando as pessoas que são idôneas das que querem fazer disso um modo de autobeneficiamento. O setor evoluirá com o próprio desenvolvimento da nação e, se tudo der certo, contribuirá muito com isso.
RF: Vários projetos educacionais e musicais são voltados para crianças. Você acredita que esses dois temas podem contribuir fortemente para uma mudança no Brasil?
FT: Eles contribuem, é claro. Mas não são suficientes sozinhos. Essas mesmas crianças têm que se alimentar bem, morar e se locomover em segurança, tendo muita motivação para o futuro! O que gosto sobre a música é que ela sempre alcança as pessoas, difícil alguém que não se sinta tocado por essa expressão humana. Todo projeto educacional, musical ou não, precisa encantar os pequenos, abrir-lhes um sorriso e semear a vontade de dar o próximo passo.