Um rio é fonte de vida. Em torno dele, formam-se ecossistemas, fundam-se cidades e civilizações. Por isso, um estudo iniciado em 2004 sobre os impactos do homem nas águas do rio Bubu chegou muito mais longe do que previam os alunos do Centro Educacional Agostiniano, em Vitória (ES) – uma das escolas certificadas com o Selo Escola Solidária, realizado pelo Instituto Faça Parte.
Importante rio da região, o Bubu nasce em Cariacica (ES), passa por vários bairros e deságua na baía de Vitória. Com o projeto, a escola pretendia identificar as condições do rio, o tipo e a origem dos poluentes e, a partir dessa análise, propor soluções para os problemas encontrados. Dos primeiros levantamentos ao envolvimento das principais autoridades do município, muita água rolou. Nas primeiras etapas, professores e alunos da 5ª à 8ª séries do ensino fundamental entrevistaram famílias ribeirinhas, coletaram água para análise, fotografaram e filmaram a paisagem.
Desenhou-se, assim, um retrato do abandono da região atravessada pelo rio, poluído por lixo e esgoto. O material foi organizado em um CD-ROM educativo, distribuído para outras escolas da cidade e para as prefeituras de Cariacica e de Vitória. Em atividades in loco, realizadas fora do período de aula, professores e alunos descobriram que os poluentes predominantes no rio são de origem orgânica, produzidos a partir do lixo e do esgoto lançados pela população ribeirinha, nos bairros Bubu e Flexal II.
Os índices de coliformes fecais também ultrapassavam os limites aceitáveis. Grande parte da população ribeirinha não possui acesso à rede de esgoto e a outros benefícios do saneamento básico. A partir desses dados, foi elaborado um plano de ação com a Prefeitura de Cariacica e com as Secretarias de Meio Ambiente e Educação. Sensibilizada pelo trabalho desenvolvido, a prefeitura e o Centro Educacional Agostiniano promoveram, em 22 de março deste ano, o Dia Mundial da Água, em uma cerimônia que marcou a ampliação do projeto.
Entre as atividades desenvolvidas em conjunto estão: campanhas educativas sistemáticas nas comunidades ribeirinhas e nas escolas dos bairros cortados pelo Bubu; palestras e distribuição de cartilhas sobre desenvolvimento sustentável, coleta seletiva e esgoto doméstico; mutirões de limpeza do rio e reflorestamento das margens, com a participação da comunidade e de escolas vizinhas; cursos de informática e artesanato, em parceira com empresas públicas e privadas; e distribuição de mudas.
Em todas essas ações, não se aprende apenas a trabalhar pela conscientização ambiental. As atividades estão ligadas diretamente ao desenvolvimento do programa de geografia, ciências, informática, português e artes.
O rio ainda não está limpo. Mas o principal objetivo foi alcançado: os alunos já se sentem parte do problema e sabem que são agentes modificadores da realidade.
Centro Educacional Agostiano
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