Brasileiro é um bicho estranho! A cada eleição, especialmente à presidência, pinta-se um novo cenário de fé e esperança de vivermos em um Brasil livre da impunidade dos administradores públicos. Entra governo, sai governo e essa vontade de ver o país bem gerido invade novamente o coração de nossos conterrâneos.
Estamos presenciando um dos piores momentos da história da política nacional pós-Collor. A crise, ecoada pelos quatro cantos do mundo, com suas CPIs intermináveis e injustificáveis – já que elas deveriam ser investigadas e julgadas pelo Ministério Público ou pela Justiça comum, e não por colegas de trabalho –, é nitidamente uma guerra de poderes entre o governo e a oposição, numa disputa que, entre tapas e beijos, vencerá o que conseguir mentir melhor.
A verdade é que corrupção e troca de favores não é um “privilégio” do governo Lula ou FHC. Nem de Itamar, nem de Collor. Não nasceu somente do coronelismo nordestino, nem tampouco deixou de existir no governo JK. E, por mais abafado que tenha sido, também passou muito longe de ser privilégio do Regime Militar. A corrupção e a desfaçatez de nossos representantes públicos estão enraizadas desde a época do Império, talvez por herança de nossos colonizadores portugueses, espanhóis, italianos e holandeses que, ao ceifar nossas riquezas e sangrar o então povo brasileiro – os índios –, beneficiavam uma Europa patriarcal cada vez mais rica. Qualquer semelhança com o Estado contemporâneo é mera coincidência?
Hoje, a mídia e o eleitorado estão mais atentos a denúncias e ávidos por cassações e condenações, muitas vezes atenuadas por lobbies provocados por homens e partidos que, outrora, eram adversários políticos. Fatos como esses protagonizam um sentimento de revolta naqueles que ainda são obrigados a comparecer às urnas
de dois em dois anos. E toda essa celeuma vem à tona em um governo que justamente prometia acabar com a corrupção. Exatamente no momento em que governo virou oposição e oposição virou governo.
Vê-se partidos historicamente rivais unidos para o fortalecimento de uma das partes, como outrora o Tratado de Tordesilhas dividiu o que jamais poderia ser dividido, a fim de pacificar as duas então maiores (e mais rivais!) nações do planeta. Como a divisão de cargos de reformas ministeriais. Nova mente: será a semelhança mera coincidência? Qual a parte que nos cabe desse latifúndio?
Então que se reeleja Lula. Que venha o Alckmin. Que venham Garotinhos ou Helenas. Não importa quem suba nossa rampa, verá AINDA um cenário de corrupção e jogos maniqueístas pelo poder. Isso porque, desde a queda de Collor, a tendência por desmascarar traidores do povo é nítida em todos os governos que se passaram. Fato gerado por uma vontade pública (não política!) que, quanto mais unânime, mais verdades trará à tona, seja com qual governo for.
Que nossos futuros governantes tenham sabedoria e consciência para votar reformas em vez de CPIs, que tenham ambição e boa vontade para propiciar o progresso de toda uma nação, em vez de fomentar guerras partidárias ou crescimento ideológico individual, que tenham paz e serenidade para tocar o país com a maestria que nosso povo merece. Que vença o melhor para o Brasil e aos sofridos brasileiros, e não o que souber “bater” melhor no adversário.
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