A prática do voluntariado tem como premissa mobilizar múltiplos atores para que, juntos, possam promover o bem comum. Os 18 anos de história do Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP) contam também a evolução e a mudança dos conceitos e da forma do voluntariar em nosso país.
Segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, as sensações de bem-estar, de utilidade e de gratificação pessoal são as principais motivações apontadas por quem é voluntário. A pesquisa revelou que três em cada dez brasileiros já realizaram ações voluntárias. Segundo a pesquisa, 28% dos brasileiros declararam já ter participado de trabalhos voluntários, sendo que 11% continuam atuando voluntariamente. A falta de tempo foi o principal argumento dos que nunca atuaram e para os que deixaram de praticar o voluntariado. Os entrevistados também apontaram outras razões para justificar o distanciamento do tema: nunca foram convidados a participar de uma ação voluntária (29%) ou nunca pensaram nessa possibilidade (18%). Porém, apenas 12% disseram não saber onde obter informações a respeito deste tema. Mas, nem sempre foi assim.
O CVSP foi fundado em maio de 1997 e, no momento de sua constituição, solicitou ao Datafolha a realização de uma pesquisa sobre trabalho voluntário junto à população da cidade. Naquele ano, a pesquisa apontou que: 92% viam grande credibilidade no trabalho voluntário; 80% nunca tinham participado; 76% consideravam como maior obstáculo o tamanho da cidade; e 19% tinham dúvidas sobre a idoneidade das organizações sociais.
Com base nesta avaliação de contexto, e também em pesquisa realizada sobre o voluntariado no Brasil, o CVSP fundamentou seu programa de ação e constatou um grande potencial para o trabalho voluntário, desde que fosse facilitado o acesso às organizações e projetos e desde que estes estivessem preparados para receber voluntários.
O objetivo é incentivar e consolidar a cultura e o trabalho voluntário na cidade de São Paulo e promover a educação para o exercício consciente da solidariedade e cidadania por meio do voluntariado. Suas atividades:
Desde o princípio, constatou-se que sensibilizar a sociedade para a atividade voluntária era, e ainda é, fácil; difícil seria implantar a cultura do voluntariado moderno, preocupada com a eficiência e a qualificação deste trabalho, mostrando à sociedade o enorme benefício que um voluntariado organizado e motivado pode produzir.
O voluntariado é um produto histórico em permanente evolução, assumindo características diferentes de acordo com a época em que está inserido. As antigas concepções de voluntariado, como ação de caridade, assistencialismo ou militância política, estão sendo substituídas pela forma de ação cívica, que tem como objetivo atuar, juntamente com outros setores da sociedade, pela busca de soluções. Esta participação não vem para substituir o Estado. O voluntário é aquele cidadão que, motivado pelos valores de solidariedade e participação, doa tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário.
Hoje, o modelo de voluntariado baseia-se e pratica o princípio de aproximação. Afinal, quanto mais próximos estivermos de um problema, mais adequada será a interferência e maior será a participação de todos na busca de soluções. Por esta perspectiva, não haverá soluções para os problemas sociais: tem de haver a participação da comunidade; o envolvimento de todos os atores de forma comprometida; o fomento de parcerias reponsáveis e de processos inovadores, sustentáveis e de desenvolvimento social e humano. Afinal, trabalho voluntário no mundo inteiro é sinônimo também de realização pessoal.
O voluntário é, na verdade, um profissional. Antes de tudo, precisa ser competente e responsável. As instituições que operam com programas de voluntariado devem agir como empresas sociais. Devem buscar eficiência e resultados.
Muitas resistências ao trabalho voluntário são baseadas em percepções equivocadas ou parciais sobre as possibilidades e os limites desse tipo de contribuição. É necessário esclarecer que o trabalho voluntário não substitui o profissional remunerado e, com isso, não elimina postos de trabalho. O voluntário doa parte de seu tempo e assume funções definidas, liberando a equipe remunerada para atividades específicas da sua área de atuação. O voluntário resolve parte do problema dentro de sua disponibilidade e seu interesse, assim como identificação com a causa ou o projeto.
Hoje, formamos uma grande rede de voluntários que vão além das fronteiras paulistas ou brasileiras. Com o auxílio da tecnologia e dos conceitos do mundo globalizado, temos uma rede de organizações com ética e compromisso com o país, visando impacto social, inclusão e justiça. Somos articuladores e apoiadores dessas redes do bem, e parabenizamos pessoas que tornam sonhos possíveis. Mais do que isso, gente determinada a contribuir e participar. Gente de coração voluntário. Sem elas, nossos 18 anos de trabalho seriam vazios. Nossos agradecimentos a todos os voluntários que fazem parte desta história.