Independentemente do porte da empresa, a responsabilidade social vem se tornando importante ferramenta para o desenvolvimento corporativo. Um exemplo disso é a Fersol, empresa com sede em Mairinque, especializada em industrialização de produtos químicos, defensivos agrícolas, dedetizantes e saneantes.
Fundada em 1975, a indústria, que hoje conta com 270 funcionários, já passou por uma época em que estava indo à falência e contornou a situação com responsabilidade social. “Tudo começou em 96, quando a empresa estava quebrada. A idéia era deixar os livros de administração e fazer a coisa mais com o coração”, diz Michael Haradom, diretor-presidente da Fersol. Nesse momento de dificuldade, a empresa aumentou os salários dos funcionários, melhorou os benefícios e implantou ações afirmativas. “Contratamos mulheres, portadores de talentos especiais e pessoas da terceira idade”, completa Michael.
A educação também faz parte dos ideais da empresa. Ainda em 96 foi criada a Escola Fersol, a princípio com a função de alfabetizar os trabalhadores no próprio refeitório da empresa. Depois foi desenvolvido o programa Analfabetismo Zero, que fez com que a escola crescesse e atendesse gratuitamente não só os trabalhadores, mas também a comunidade da região. Reconhecida pelo MEC, atualmente a escola tem 500 alunos, possui salas de informática, biblioteca e até um museu ecológico.
Além dessas atividades, há o programa Portas Abertas, que ensina educação ambiental para crianças. Em 2003, mais de 4 mil crianças visitaram a Fersol para participar da iniciativa.
Para participar do programa Fome Zero, 1% dos salários dos trabalhadores da Fersol é destinado à compra e distribuição de cestas básicas a famílias de baixa renda de entidades e da comunidade local. O nome do projeto é Quando 1% vira 100%, e, com a arrecadação de 169 cestas ao mês, é possível a distribuição de 3 toneladas de alimentos. Até hoje já foram somadas 27 toneladas de alimentos doados a 870 beneficiados.
Há também o projeto Culinária Alternativa, que dá dicas de como aproveitar ao máximo os alimentos, evitando o desperdício.
A preocupação com o bem-estar dos colaboradores é visível nas ações da Fersol. Desde 2002, todos os departamentos fazem ginástica laboral semanalmente, que previne lesões por esforços repetitivos (LER). Os exercícios são monitorados por uma terapeuta corporal.
A indústria também oferece passeios e trilhas ecológicas, ensina a fazer coleta seletiva (e implanta isso na empresa) e dá aulas de reciclagem abertas à comunidade.
O projeto mais inovador da Fersol visa politizar os trabalhadores da empresa. São organizados cursos de formação política para criar consciência cidadã nos alunos. As aulas debatem temas como corrupção, globalização, democracia, entre outros que despertam o interesse da comunidade. Segundo Haradom,“não basta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar. E ensinar a pescar é criar cidadania plena, permitindo que o cidadão tenha o potencial de mudar o próprio destino e o destino de seu vilarejo, bairro, cidade, e até do próprio país e do mundo”.