Solidariedade em rede nacional

Por: Marcio Zeppelini
01 Maio 2004 - 00h00

A filantropia já era a dedicação da entidade bem antes de o governo iniciar suas atividades fiscalizadoras das práticas sociais sem fins lucrativos. O Certificado do CNAS, almejado por diversas instituições atualmente, só veio por pura burocracia, pois, na verdade, comprova uma atividade que, há mais de 100 anos, é feita por amor e paixão à humanidade.

A entidade em questão é a Aneas – Associação Nóbrega de Ensino e Assistência Social. Fundada em 1900 pelos jesuítas, a associação é mantenedora de 16 filiais dedicadas ao ensino e à filantropia nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. São casas da juventude; lares e casas de atividades para idosos; colégios e faculdades – entre eles, o reconhecidíssimo Colégio Santo Ignácio, no Rio, e o Colégio e Faculdades São Luiz, em plena avenida Paulista, em São Paulo.

A Aneas faz parte de um complexo de províncias jesuítas que abrange todo o território nacional, divididas em quatro grandes regiões que abrigam duas ou três mantenedoras. Estas têm a função de administrar e gerir as filiais que, em sua maioria, têm ações e projetos locais voltados à educação e à assistência social.

“Estávamos trabalhando com ações muito pulverizadas. De três anos para cá, decidimos nos focar mais em projetos maiores e mais relacionados à filosofia de educação e assistência”, conta Pe. Donizetti Venâncio, ecônomo e administrador provincial da Aneas, pertencente à província centro-leste, que abrange justamente o eixo Rio-São Paulo.

Todo ano, a associação conta com cerca de R$ 80 milhões de receita anual, provenientes principalmente de mensalidades escolares e aluguéis de imóveis pertencentes à instituição. Apesar da obrigação de ofertar 20% de sua receita em gratuidades, a entidade sempre atinge mais de 25% de suas cotas de filantropia. Pela lei, a Aneas deveria aplicar cerca de R$ 16 milhões em trabalhos sociais, mas em 2003, a exemplo de anos anteriores, atingiu a marca de R$ 22 milhões, sendo dois terços dessa renda revertidos somente à educação.

“Só no Colégio Santo Ignácio, investimos R$ 6 milhões em gratuidades”, afirma satisfeito Pe. Donizetti. A marca também é motivo de orgulho para os coordenadores do curso noturno do colégio: “Já tiramos muita gente do tráfico. Os alunos descem o morro e vêm para cá como se nós fôssemos a segunda família deles”, enfatiza Neuza Maria Rocha, coordenadora do Serviço de Orientação do colégio.

O estabelecimento conta com cerca de cinco mil alunos entre a alfabetização e o colegial. No período noturno, todos os 1.400 alunos são bolsistas, pagando apenas uma pequena taxa de R$ 25 por ano. “É um valor simbólico que cobramos para que os alunos dêem valor ao ensino”, explica Carlos Alberto Gomes dos Santos, coordenador pedagógico do curso noturno.

O processo seletivo é rigoroso: só entra quem realmente não tem condições de pagar. São moradores das diversas favelas do Rio de Janeiro que preenchem um questionário e fazem entrevistas para conseguir a bolsa. Tanto que o maior problema do colégio é a evasão devido aos alunos não terem dinheiro para o transporte residência-escola-residência. Outro problema freqüente é que certas favelas comandadas por traficantes impõem horário máximo de entrada no morro.

Além do ensino convencional, o colégio ainda mantém alguns cursos profissionalizantes, como de enfermagem e administração. Carlos Alberto complementa: “A tudo que o aluno pagante tem acesso, o bolsista também tem – laboratórios de ciências, informática, empréstimos de livros na biblioteca, absolutamente tudo”. Vale lembrar que o Colégio Santo Ignácio é considerado uma das melhores escolas da cidade carioca e que os pais dos alunos da manhã e tarde, todos de classe média alta, desembolsam no mínimo R$ 800 pela mensalidade.

Pré-vestibular

Envolvidos com o sistema do Colégio Santo Ignácio, alunos do noturno resolveram dar continuidade ao projeto e estender o trabalho para um curso preparatório pré-vestibular. Criaram então o Invest, que prepara alunos para os exames vestibulares de escolas públicas e privadas. “Os alunos motivam-se pelo sonho de ter um diploma, a fim de ganhar, principalmente, dignidade”, comenta Fábio Cerqueira Campos, idealizador e coordenador do curso inaugurado em 1998, que conta hoje com 130 vagas todos os anos.

Gente feliz é gente praticando conhecimento

Outro trabalho da Aneas é o Espaço Cultural Gente Feliz que ministra cursos de teatro, dança e canto, além de preparar oficinas de artesanato em que os idosos aprendem diversificadas atividades e conseguem reativar a própria auto-estima. “Quando estava em casa, minha mente era vazia”, lamenta Marlene, participante das oficinas de artesanato. No espaço, jovens de até 30 anos também aprendem informática e sonham com um futuro inserido no mercado de trabalho.

Cem idosos recebem ainda mensalmente uma bolsa-auxílio de R$ 200 para ajudar na renda familiar. Vandalva Paixão, coordenadora do espaço, destaca: “O importante é que as atividades desenvolvidas fazem trabalhar a cabeça de cada idoso, fazem com que eles encontrem uma razão para viver – e viver feliz. Eles vêm aqui para obter lazer e aprendizado. O cheque passa a ser um detalhe”.

O fruto do trabalho dos idosos vai para exposições e feiras de artesanato e o capital arrecadado fica para o próprio artesão, que deverá, com uma parte, comprar mais matéria-prima para a produção de novos itens. Os idosos conseguem, individualmente, entre R$120 e R$150 por evento.

Recentemente, o Espaço tem buscado um novo desafio: realizam mensalmente o sonho de dois idosos. Eleitos por uma comissão de pessoas que já foram contempladas com o plano, os pedidos são analisados e realizados pela Aneas. “Tem gente que sonha em visitar um parente que mora em outro Estado, ou com um telhado novo para sua casa. Outros desejam simplesmente um fogão a gás; são sonhos que podem ser pequenos para nós, mas para eles são grandes realizações”, comenta Pe. Donizetti.

Gestão motivada por resultados

O maior intuito dos trabalhos praticados pela Aneas é o desenvolvimento pessoal dos usuários dos programas sociais, como explica Pe. Donizetti: “Não fazemos o assistencialismo por si só, não entregamos de mão beijada o arroz-e-feijão: queremos que aqueles por nós atendidos encontrem um sentido de viver”.

Nota-se essa filosofia ao perceber em cada rosto um sorriso que vai além de mera alegria – é um sorriso de satisfação gerado pelo conhecimento adquirido.

Outra forma interessante de trabalho é a gestão do conhecimento, em que pessoas que se dão melhor nas aulas de artesanato, por exemplo, auxiliam as que têm mais dificuldades em horários alternativos às aulas normais. Isso também ocorre no cursinho Invest. Os professores são voluntários – alguns formados pelo curso noturno do Santo Ignácio – e dão aula das matérias que têm mais conhecimento, mas não são necessariamente bacharelados naquele assunto.

Na área administrativa, Pe. Donizetti centraliza a contabilidade e o plano de contas na sede da Mantenedora, no bairro de Botafogo, no Rio: “Cada filial tem autonomia para a tomada de decisões, além de orçamento próprio. Resolvemos centralizar somente a contabilidade, a fim de facilitar a prestação de contas ao CNAS”. O próximo passo é ter uma política assistencial única para as 16 filiais.

Pe. Donizetti ainda manda um recado: “Nossas ações sociais têm forte êxito em função de um trabalho árduo e com mentalidade o mais profissional possível. Atualizações com consultorias e cursos são constantes entre nossos funcionários, para que, administrativamente, tenhamos um projeto saudável. Quando falo com o banco, por exemplo, sou como um empresário: brigo pelas melhores taxas, rentabilidade e liquidez”.

“Queremos que as pessoas por nós atendidas encontrem um sentido de viver” Pe. Donizetti

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