Susan Holt

Por: Thaís Iannarelli
19 Fevereiro 2013 - 23h07

Fundraising profissional

Susan Holt, especializada em captação na área da saúde, fala sobre o desenvolvimento da profissão nos EUA e no mundo

Com 30 anos de experiência na área de captação de recursos, a americana Susan Holt começou sua carreira trabalhando na área musical: dava aulas e era cantora. Foi assim que se interessou pelo apoio às artes, nos Estados Unidos, especialmente no que se referia à educação musical para crianças. Hoje, é diretora do Vision Philanthropy Group, que desenvolve soluções e dá consultoria em captação de recursos para organizações. Durante sua trajetória, especializou-se na área da saúde e, em entrevista à Revista Filantropia, conta um pouco dessa área de expertise.

Revista Filantropia: Como você começou a atuar na área de captação de recursos?

Susan Holt: No início, juntei-me a uma organização que captava recursos para as artes, em Nova York. Depois, comecei a me envolver com pesquisa e com recursos na área médica, já que era casada com um médico e cientista. Interessei-me pelo tema de forma geral. Tive especial atenção sobre a forma como a pesquisa médica é financiada. Via que os profissionais trabalhavam duro para conseguir financiamentos para seus estudos, todos sobre assuntos muito interessantes. Percebia que era caro e difícil educar um médico, e então me envolvi com este tipo de captação, inicialmente na Universidade de Nashville, no Tennessee. Após dar início a este trabalho, comecei a atuar também com pesquisa focando o atendimento ao paciente, o alívio da dor. Estudei causas e curas para grandes doenças, como cardíacas, câncer e algumas neurológicas.

RF: Como a captação de recursos na área da saúde se difere das outras áreas?

SH: Acho que na saúde todos são afetados, de uma forma ou de outra, seja por meio de uma doença ou condição. Então, é muito fácil se relacionar com as necessidades de ter um bom atendimento de saúde para todos. Agora, estou envolvida em um projeto que arrecada recursos para uma organização que dá tratamento para pacientes em situação de pobreza extrema em todo o mundo. Acho que as pessoas se envolvem porque entendem intelectualmente como é importante prover o acesso à saúde, sem importar a condição econômica. Além disso, estão tocadas emocionalmente. Acredito que, provavelmente, a captação de recursos mais eficiente é aquela com apelo emocional ao coração, e também que toca a mente.

RF: Como você analisa a cultura da doação nos EUA, especialmente após ter atuado em outros países do mundo?

SH: Acho que nos Estados Unidos há uma forte cultura de filantropia construída em décadas. Então, as pessoas com recursos para realizar doações realmente grandes, e que querem causar impacto, veem a importância de fazer um grande investimento filantrópico, que pode transformar a realidade de uma instituição. Acho que nos beneficiamos dos que ensinaram os valores da transformação desses investimentos. E isso vem de uma cultura de filantropia versus uma cultura de caridade.

RF: Como você analisaria o Brasil, após a sua visita ao país?

SH: Ainda é necessária muita formação, inclusive em relação ao nível de profissionalismo dos captadores de recursos, que querem muito melhorar sua compreensão sobre o tema. E falo sobre grandes doações, e não apenas de malas diretas, marketing etc. Falo sobre como construir liderança com sua diretoria e voluntários para que eles sejam parceiros ativos na captação de recursos. Isso é muito importante.

RF: Considerando 30 anos atrás, quando você começou a trabalhar com captação de recursos, e hoje, quais mudanças você enxerga nesse cenário?

SH: Acho que a captação de recursos nos Estados Unidos há 30 anos era parecida com o que há hoje na América Latina. As diretorias não entendiam seu papel como o fazem atualmente. Grandes filantropos, como Bill e Melinda Gates e Warren Buffet, assim como pessoas de outras partes do mundo, ajudaram a colocar uma luz no papel da filantropia, e este impacto é global. Acredito que nos dias atuais há melhor compreensão do objetivo do financiamento público e da iniciativa privada em busca de impacto no mundo, impacto este que pode ser causado por indivíduos, por um pequeno ou um grande grupo de pessoas. Hoje, acho que os doadores são mais sofisticados em relação às suas expectativas, e querem ver especificamente o que é feito pelas organizações.

RF: Conte um pouco sobre a atuação do Vision Philanthropy Group, instituição que você fundou.

SH: No Vision Philanthropy, damos consultoria aos clientes sobre campanhas e organização de seus programas de desenvolvimento, e também treinamos a diretoria e os líderes de voluntariado para a captação de recursos. Temos experiência em projetos de grande porte, que chamamos internamente de “mega doações.

RF: Especialmente por se tratar de grandes valores, o cuidado que se deve ter em relação à transparência é dobrado. Como vocês veem e atuam para atingir a excelência nesta área?

SH: A transparência é extremamente importante, e organizações de alta performance que funcionam bem empregam muito tempo e esforço para entregar relatórios para seus grandes doadores, explicando detalhadamente o uso dos recursos. Ou seja, algum novo médico foi contratado? Os recursos foram utilizados para pagar salários ou para apoiar o programa de pesquisa? Também tentamos ser específicos em relação a recursos adicionais, que levantamos graças ao investimento do doador na nossa iniciativa. Nos Estados Unidos, os departamentos de finanças e de captação de recursos devem trabalhar muito próximos, e é importante que esses sistemas estejam planejados antes da doação em si. Assim, há um acordo entre o doador e a instituição referente a como o dinheiro será doado, como será gasto e como o doador será reconhecido, ou seja, como a instituição reportará ao doador sobre o uso dos recursos conquistados.

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