Um bairro que esbanja juventude

Por: Marcio Zeppelini
01 Maio 2005 - 00h00

O nome da receita é Juventude. O sabor é de cidadania, respeito ao ser humano e inclusão social. Mistura-se uma porção de carinho, outra de alegria e outras tantas de atividades educacionais. Adicionam-se gradativamente aspectos morais e cívicos e mexe-se bem durante os longos anos da infância e adolescência. Por fim, acrescenta-se o recheio: esperança. O resultado é a formação de um jovem digno e pronto para o mundo contemporâneo.

Essa é a receita do Bairro da Juventude, entidade com mais de 55 anos de existência estabelecida no coração do sul catarinense, em Criciúma, cidade com pouco menos de 200 mil habitantes. Atendendo cerca de 1.200 alunos desde o berçário até o ensino profissionalizante, o Bairro é reconhecido pela qualidade nos serviços prestados à comunidade desde sua fundação.

Desse total de alunos, cerca de 650 ficam no local em período integral e recebem, além da formação curricular básica, atividades esportivas, culturais e profissionalizantes. São aulas de informática, música, esportes, artes plásticas, danças – desde as típicas regionais ao street dance –, além de oficinas de ciências, matemática, lúdica, expressão verbal e corporal e reforço escolar, tudo comandado por um verdadeiro exército de 90 funcionários e cerca de 30 voluntários.

Fundado em 1949 pelos rotarianos, o Bairro da Juventude já foi também comandado pelos padres rogacionistas e, desde 1975, a direção foi confiada à comunidade, estabelecendo-se um corpo diretivo, conselhos fiscal e administrativo. “Sempre buscamos oferecer o melhor para as crianças”, afirma com
veemência Sílvia Zanette, diretora-executiva da organização. Isso justifica o porquê de as crianças gostarem tanto de passar o dia na entidade, o que, conseqüentemente, torna o trabalho socioeducacional mais eficiente.

As crianças e adolescentes atendidos pelo Bairro, além do apoio pedagógico e cultural, contam também com farta alimentação (cinco refeições diárias), assistência médica e odontológica, material escolar e uniformes.

No quesito uniformes, em especial, vale destacar a visão de empenho que a organização transmite às famílias dos jovens alunos. O vestuário é repassado pelo preço de custo e, caso a família não tenha condições de pagar, o valor é transformado em trabalho voluntário que os pais dos alunos prestam ao Bairro da Juventude. “Nossa única intenção com essa conduta é fazer com que as pessoas – pais e alunos – dêem valor ao que recebem. Tanto que uma das formas de se ‘pagar’ o uniforme é trocá-lo por materiais recicláveis. Nesse caso, o valor intrínseco do alumínio, por exemplo, nem importa”, explica Nei de Souza, diretor-técnico da organização.

Voluntariado engajado

Uma das marcas fortes da atual administração é o motivado corpo de voluntários. “Nós quebramos aquele paradigma de que voluntário é aquele cidadão que tem tempo ocioso ou está depressivo e vem nos ajudar para passar seu tempo”, diz Zanette. “Temos gente gabaritada aqui, que oferece algumas horas por semana para ensinar o que sabem”, completa.

O grupo de cerca de 30 voluntários é formado por costureiras, professores de dança e música, médicos e engenheiros. Todos passaram por um treinamento motivacional em que foram evidenciados os reais interesses deles para com a entidade, individualmente. “Os voluntários voltaram para o banco de escola”, brinca a diretora-executiva. O instituto também foi obrigado a “receber” os voluntários de forma profissional, tendo de fazê-los perceber o quanto é necessária sua presença – sempre com dia e hora pré-estipulados.

Além dos voluntários locais, vem gente de bem longe. Devido ao Bairro da Juventude estar localizado em uma região tipicamente colonizada por italianos, é quase constante a permanência de voluntários estrangeiros – a maioria advinda da Itália – na instituição.

No mês de maio, por exemplo, um chef italiano preparou um jantar para a sociedade com fins de captar recursos à entidade. O relacionamento com a comunidade italiana é tão forte que aproximadamente 200 crianças são apadrinhadas à distância por estrangeiros, que trocam correspondências, mandam presentes no Natal e aniversário, ajudam com materiais escolares e auxílio financeiro. Essa relação se fortaleceu bastante após a visita de 32 crianças do Coral Vozes da Esperança à Itália (ver quadro).

Da profissionalização ao primeiro emprego

Os alunos dos cursos profissionalizantes têm muito no que se apoiarem para não deixar o desânimo tomar conta. Além do ofício adquirido em um ou dois anos de curso, dependendo da área escolhida, eles sabem que sairão da entidade com emprego garantido, devido a um importante trabalho de parcerias com empresas da região garimpadas durante os anos de atuação.

Os ofícios são diversos: mecânica, eletroeletrônica, panificação, cabeleireiro, assim como são fartos os sonhos e aspirações dos meninos e meninas quando estão aptos ao trabalho.Tanto que alguns alunos saíram do curso de panificação e montaram o próprio negócio. “As empresas nos ligam solicitando alunos para trabalhar, pois sobram vagas aos jovens do Bairro”, comemora o padre rogacionista Vincenzo Lumetta, conselheiro e tesoureiro da instituição.

Captação de recursos

Por ser a maior instituição da região, uma quantidade enorme de doações chega diariamente, desde alimentos e roupas a automóveis. Tudo é devidamente relacionado e o que não for útil para consumo próprio é colocado à venda em um “magazine” aberto à comunidade, que chega a incrementar
R$ 3 mil mensais na captação de recursos.

Além dessa fonte, doações esporádicas, convênios com o Senai e grandes empresas da região, um telemarketing ativo e receptivo, e a ajuda vinda da Itália são algumas das ferramentas que custeiam os R$ 120 mil consumidos mensalmente na manutenção da obra.

E, para fechar com chave de ouro, a transparência e a constante prestação de contas com a comunidade, por meio de suas diversas peças de comunicação, fazem da instituição uma das mais sérias e renomadas do sul do Brasil. “Existem três fatos distintos: ser honesto, parecer honesto e fazer ser percebido como honesto. E para conseguir tudo isso é uma luta”, desabafa Zanette, mas com um sorriso estampado no rosto que demonstra a satisfação de ter reconhecido o árduo trabalho de muitos anos.

VOZES DA ESPERANÇA

No mês de abril, 32 jovens tiveram um motivo a mais para se emocionar e sofrer: a perda do Papa João Paulo II. Há cerca de um ano, eles participaram de uma excursão que os levou para cantar no Vaticano, bem ao lado de Karol Woytila. “Muitos consideraram absurda nossa empreitada. Achavam que não deveríamos mostrar aos jovens um lugar para aonde supostamente jamais voltariam. Mas nossa intenção foi abençoada pelo papa e conseguimos, com essa viagem, causar um choque cultural não só nas crianças, mas em toda a comunidade. Fizemos que elas vissem que muitos sonhos podem se transformar em realidade”, conta o padre Lumetta.O Vozes da Esperança, coral de sucesso formado e treinado pelo Bairro da Juventude, já relaciona mais de 120 crianças em suas aulas. O grupo está, inclusive, gravando um CD com 13 músicas do repertório popular brasileiro como Escravos de Jó, O Cravo e a Rosa, Ciranda Cirandinha, entre outras. Todas com uma nova roupagem que dá a personalização do coral catarinense.A proposta é replicar 20 mil exemplares do CD, cuja grande maioria será comercializada na Itália para difundir as músicas folclóricas brasileiras no velho continente. Coincidência ou não, músicas abençoadas pelas mãos de João de Deus.

 

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