Captação de recursos por meio do financiamento internacional

Por: Eduardo Magalhaes
01 Julho 2007 - 00h00

Na edição passada, discutimos sobre a constituição do financiamento internacional no Brasil e suas implicações no Terceiro Setor de nosso país, bem como as principais exigências e recomendações para a captação de recursos em nível mundial.

Vimos que nos anos de 1970, por força do início da atividade de grandes financiadores internacionais em território nacional, como a Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES), as ONGs brasileiras surgidas nesse período passaram a se preocupar com a realização de projetos sociais que superavam o foco assistencial – sem desmerecer a sua fundamental importância – inserindo suas atividades em ações que visavam especialmente o desenvolvimento organizativo e político dos grupos e populações atendidos.

Quanto às exigências em vigor dos financiadores internacionais, abordamos os aspectos referentes à transparência financeira, administrativa e executiva; além do fato de ser priorizado o fortalecimento institucional, da infra-estrutura da organização, os altos impactos sociais, a eficiência administrativa, as propostas sistematizadas e com clara possibilidade de monitoramento – com adequados indicadores de resultado e fontes de verificação.

Sublinhamos também, a vital importância de sempre se utilizar as melhores metodologias e instrumentos para a redação de projetos sociais.

Financiadores internacionais
Governos e embaixadas estrangeiros, fundações e outras organizações não-governamentais internacionais, organizações bilaterais e multilaterais e sindicatos mundiais são os grupos que compõem os mais importantes financiadores internacionais. Há, na verdade, uma infinidade de financiadores internacionais espalhados não só pelo Brasil, mas por todo o mundo. É praticamente impossível estabelecer uma lista completa. Por isso, a pesquisa constante em revistas especializadas, como a Revista Filantropia, e na internet é fundamental para se manter atualizado, além da afiliação em grupos afins e a realização de cursos sobre o tema.

A seguir destacamos alguns representantes de doadores internacionais:

a) Governos e embaixadas estrangeiros: Canadá, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica, Estados Unidos, Austrália, Japão, Suíça, Suécia, Áustria e Países Baixos.

b) Fundações e outras ONGs: Na América do Norte, as fundações se dividem em três categorias: fundações de empresas, fundações familiares e fundações comunitárias. Na Europa, a realidade das fundações é bastante diversa, inclusive na definição jurídica. Países como Alemanha, Áustria, Espanha, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido e Suécia possuem grande tradição no trabalho e desenvolvimento de fundações. Alguns exemplos de fundações e ONGs internacionais: Foundation Center, Oxfam, Care, Save the Children, Visão Mundial, IAF (Interamerican Foundation), Ford Foundation, Kellogs Foundation, John D. and Catherine Macarthur Foundation, Caritas Suíça, AT&T Foundation, Brazil Foundation, Citigroup Foundation, Rockfeller Foundation, Pfzier Foundation e Shell Foundation.

c) Organizações bilaterais e multilaterais: Pnud, Banco Mundial, ONU e suas agências, Banco Mundial, Bancos Regionais de Desenvolvimento, Fundo de População das Nações Unidas/Fnuap, entre outras. Geralmente possibilitam grandes financiamentos, tão vultosos que poucas organizações estão preparadas para se qualificar a tal. Apóiam projetos, programas e fortalecimento institucional. No caso dos financiadores bilaterais, os financiamentos geralmente ocorrem por meio de acordos intermediados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Para mais informações, consultar o Manual de Orientação para Formulação de Projetos de Cooperação Técnica Internacional (CTI).

d) Sindicatos mundiais: Obviamente, esse grupo prefere financiar sindicatos. Entretanto, uma parte deles também faz doações significativas para ONGs. Os que financiam somente outros sindicatos locais afiliados, geralmente fazem parcerias e alianças com ONGs para a defesa de direitos. Alguns exemplos: The Steelworkers Humanities Fund, FNV, Sask, Lotco.

Empresas e financiamento internacional
Atualmente, passamos por uma nova fase do financiamento internacional. Devido à escassez de recursos públicos e às já referidas mudanças estratégicas dos tradicionais financiadores internacionais1, os captadores de recursos estão iniciando um processo de procura e adequação às exigências de financiamento junto às empresas privadas. Outro elemento que sugere essa nova fase é a crescente, mas ainda acanhada, preocupação das grandes transnacionais com a responsabilidade social.

Um excelente indicador de que essa nova fase veio para ficar é a publicação, prevista para o final de 2008, da ISO 26000 – Guidance on Social Responsibility. Essa nova norma reforçará a importância da responsabilidade social corporativa em todo o mundo.

Importante notar que o Brasil, por meio da ABNT, em conjunto com a Instituto Sueco de Normalização (SIS), lideram o Working Group on Social Responsability (Grupo de Trabalho sobre Responsabilidade Social) responsável pela elaboração da ISO 26000. Essa é, portanto, uma tendência que somente aumentará no futuro. Abre-se, então, uma nova possibilidade de financiamento internacional do setor privado para o Terceiro Setor.

Exemplos de algumas grandes transnacionais financiadoras do Terceiro Setor: Basf S.A., IBM, Alcoa, Credicard, Coca-Cola, Unilever, Xerox, Johnson & Johnson, Levi Strauss, Novartis, Pepsico, Banco JP Morgan etc.

Sites, entidades de classe e eventos no financiamento internacional
Países como Canadá, Inglaterra e Estados Unidos já apresentam grande tradição e nível de profissionalização na captação de recursos. É o caso, por exemplo, da Association of Fundraising Professionals (AFP – Associação de Profissionais de Captação de Recursos).

Equivalente à Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), é a maior associação profissional de captadores de recursos do mundo. São 28 mil membros em mais de 190 regiões espalhadas pelo planeta, que trabalha pelo crescimento e desenvolvimento dos profissionais em captação de recursos.

Com sede nos Estados Unidos, anualmente a AFP realiza uma conferência que reúne mais de 3.000 delegados. Possui ainda uma política de criação de filiais em outros países. Sua filial do Canadá, por exemplo, é responsável pela maior e melhor conferência anual do setor naquele país, realizada todo mês de novembro na cidade de Toronto.


1 Tema apresentado na edição nº 29 da Revista Filantropia.


Eduardo Magalhães. Sociólogo, professor e consultor para o Terceiro Setor, diretor da organização Saúde e Cidadania e do Gats, membro da International Society for Third-Sector Research (ISTR) e coordenador nacional de Projetos da Building and Wood Workers´ International (BWI).
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