Paratletas em destaque

Por: Renata Centelhas
01 Julho 2007 - 00h00

Quando Diego Lucas Madeira entra na pista é como se estivesse fora do mundo. Ele, que se considera uma pessoa ligada no 220 volts 24 horas por dia, diz ter algo na pista que o acalma. “O atletismo mexe muito comigo, não sei explicar essa sensação, só sei que é muito boa e não consigo parar”, afirma o atleta de 24 anos, portador de mielomeningocele, que participou pela primeira vez dos Jogos Parapan-americanos, representando a Associação Desportiva para Deficientes (ADD).
“Foi uma notícia ótima ter sido convocado. Parei de treinar por um tempo e só de ter voltado já estava feliz. Agora, fazer parte da seleção é muito bom”, conta. A ADD atende cerca de 2,8 mil deficientes, promove o desenvolvimento da pessoa com deficiência por meio do esporte, educação e cursos de capacitação, além de apoiar os atletas em seis modalidades. “A Associação ajuda mais nos treinamentos. Ela tem uma ótima estrutura e um dos melhores times de basquete do país”, explica Diego.
A terceira edição dos Jogos Parapan-americanos aconteceu no Rio de Janeiro, de 10 a 19 de agosto, e, pela primeira vez na história, foram disputados na mesma cidade e logo após o Pan-americano. “Isso faz com que o paratleta seja reconhecido como um verdadeiro atleta. Conseqüentemente, passamos a ter uma responsabilidade maior”, diz entusiasmado Diego.
Para Joon Sok Seo, que tem seqüelas de poliomielite e compete na natação, isso os dará mais visibilidade. “Como utilizamos toda a organização, teremos um maior desenvolvimento do paradesporto no Brasil”, explica. Esta sua terceira participação
em um Parapan, competindo nas provas de 50 e 100 metros livres, 50 metros costas e
50 metros borboleta. “A convocação significou mais uma conquista individual e do grupo ao qual faço parte. Fiquei muito contente não só pela minha participação, mas também pelos meus colegas, que conseguiram pela primeira vez”. Além dele, outros três atletas de natação e um do atletismo estiveram no Rio.

Incentivo ao paradesporto
Joon é presidente da Associação para Integração Esportiva do Deficiente Físico (Ciedef), fundada em 1991. Por meio dela, recebe toda a estrutura de treinamento até a participação em competições. “O Ciedef oferece aos atletas um trabalho pós-reabilitação, apoio psicológico, ajuda de custo para viagens, entre outros. A integração social obtida por meio dos treinos e dos eventos da associação é fundamental para o desenvolvimento do atleta. Sempre que um competidor passa por alguma dificuldade, existe um esforço em conjunto para resolvermos o problema”, explica Fernanda Maretti, coordenadora da entidade.
Ainda segundo ela, foi uma grande vitória para o paradesporto os jogos acontecerem no mesmo lugar que o Pan, porém, ressalta Fernanda, ele ainda enfrenta muitas dificuldades. “A falta de recursos destinados ao paradesporto e de estrutura são algumas delas. Entretanto, muitas ações já foram realizadas nessa área e acreditamos que a tendência é melhorar cada vez mais. Para isso, precisamos contar com o interesse de órgãos públicos, privados e de toda população.”

Superando os limites
Segundo o último censo do IBGE, cerca de 10% da população mundial é portadora de alguma deficiência. Aqui no Brasil, são mais de 24 milhões, e a maior parte dos deficientes têm menos de 30 anos. Gilberto Lourenço da Silva e Augusto Carvalho dos Santos, companheiros do vôlei sentado, foram os dois atletas convocados do Projeto Próximo Passo (PPP) e fazem parte dessas estatísticas.
Gilberto sofreu um acidente em 2003, no qual acabou tendo que amputar parte de uma perna. E foi com o esporte que ele ‘voltou a viver’. “Antes de conhecer o vôlei sentado me perguntava o porquê de ter sofrido o acidente. Mas com o esporte, me sinto valorizado e percebi que a vida não acabou. O vôlei mudou totalmente a minha vida e agora não penso em parar nunca mais”, conta Gilberto.
Já a entrada de Augusto no esporte foi, segundo ele, engraçada. “Eu não conhecia o vôlei sentado e fui convidado pelo meu primo para participar. Ainda achei que era uma brincadeira dele na época. Comecei a treinar já no segundo dia e estou até hoje, após quatro anos. Aconselho as pessoas que estão em casa, principalmente os deficientes físicos, a participarem também”, conta o paratleta, que foi atropelado aos 18 anos e perdeu uma das pernas.
Os dois atletas treinam na Fórmula Academia, de São Paulo, que cede a quadra esportiva. Eles também são apoiados por empresas privadas, além de receberem o suporte e incentivo do PPP, que conta hoje com 85 atletas.

Os jogos
Os Jogos Parapan-americanos foram organizados pelo Co-Rio, em parceria com o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), de acordo com as regras do Comitê Paraolímpico das Américas (APC) e do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC). As competições foram disputadas nas mesmas instalações dos Jogos Pan-americanos, garantindo a qualidade dos equipamentos esportivos. Os apartamentos da Vila foram projetados já em vista de sua utilização pelas pessoas com deficiência, e as instalações foram adaptadas para os paratletas.
São cerca de 1.300 atletas e 700 membros de delegações, sendo que a seleção brasileira é composta por 230 atletas. Nesta terceira edição, dez esportes integraram o programa dos Jogos:
• Atletismo: Os participantes competem em provas de pista, salto, arremesso/ lançamento de peso, disco e dardo, rua e combinadas (pentatlo). Alguns utilizam cadeira de rodas, outros, próteses. Atletas cegos ou com deficiência visual competem com um guia.
• Natação: Atletas com deficiência físico-motora e visual competem nos quatro estilos: livre, peito, costas e borboleta, além das provas individuais e de revezamento, não sendo permitido o uso de próteses. Os nadadores cegos recebem um aviso, por meio de um bastão com uma ponta de espuma, quando estão se aproximando das bordas.
• Basquetebol em cadeira de rodas: A quadra não sofre nenhum tipo de adaptação para receber os atletas.
• Halterofilismo: Os participantes são divididos por dez categoria de peso. O objetivo é levantar o maior peso possível.
• Futebol de 5: A bola possui um guizo interno para que os jogadores cegos possam localizá-la. Apenas o goleiro, por motivos de segurança, tem visão normal.
• Futebol de 7: Todos os participantes têm paralisia cerebral (deficiência motora).
• Tênis de mesa: Atletas dos mais diferentes grupos de deficiência (exceto com deficiência visual) competem divididos em 11 classes.
• Tênis em cadeira de rodas: É praticado por atletas que têm perda de função substancial ou total em uma ou ambas as pernas.
• Judô: Atletas com deficiência visual são divididos em categorias por peso.
• Voleibol sentado: Os participantes devem manter a pelve em contato com o solo durante todo o jogo e apresentar um grau mínimo de deficiência exigido pelo esporte.

O Brasil foi o grande vencedor dos Jogos Parapan-americanos Rio 2007, conquistando 228 medalhas no total, sendo 83 de ouro, 68 de prata e 77 de bronze. Em segundo lugar ficou o Canadá, com 49 medalhas de ouro, e, em terceiro, os EUA, com 37 ouros.
Em 2011, os Jogos Parapan-americanos serão realizados em Guadalajara, México, mesma cidade que sediará os próximos Jogos Pan-americanos.

Histórico do Parapan-americano
Os primeiros Jogos Parapan-americanos aconteceram em 1967, em Winnipeg, no Canadá, e foram disputados por Estados Unidos, Argentina, México e Trinidad e Tobago. A edição seguinte aconteceu no ano de 1969, em Buenos Aires, e contou com a primeira participação brasileira. Outras edições:1971, em Kingtong (Jamaica); 1973, em Lima (Peru); 1975, na Cidade do México (México); 1978, no Rio de Janeiro (Brasil); 1982, em Halifax (Canadá); 1986, em Aguadillas (Puerto Rico); 1990, em Caracas (Venezuela); e 1995, em Buenos Aires (Argentina).
Em 1999, no México, ocorreu a primeira edição dos Jogos sob a chancela do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), recebendo o nome de 1º Jogos Parapan-americanos. Mil participantes, de 19 países, disputaram quatro esportes: atletismo, natação, tênis de mesa e basquetebol em cadeira de rodas.
Já a segunda edição aconteceu em 2003, em Mar del Plata, na Argentina, com a participação de 1.300 pessoas, de 22 países, em nove esportes: atletismo, natação, bocha, basquetebol em cadeira de rodas, voleibol sentado, hipismo (adestramento), esgrima, tênis em cadeira de rodas e ciclismo.

Links
www.add.org.br
www.ciedef.org.br
www.cpb.org.br
www.paraolimpiadas.com.br
www.ppp.org.br

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