Fernanda Keller

Por: Paula Craveiro
01 Julho 2007 - 00h00
Uma das esportistas brasileiras de maior destaque na atualidade, a triatleta Fernanda Keller começou no triatlo aos 18 anos, quando cursava Educação Física na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Na época, o esporte ainda era pouco conhecido no Brasil, mas, acompanhada por alguns colegas da faculdade e interessada no desafio que essa modalidade proporcionava, Fernanda passou a praticá-lo – e acabou se apaixonando.
Apesar da intensa rotina de treinamentos, viagens e competições, ela ainda consegue encontrar tempo para supervisionar de perto o Instituto Fernanda Keller, em Niterói (RJ), sua cidade natal. “Sempre tive vontade de me envolver com projetos assim e, à medida que as oportunidades foram aparecendo, fomos desenvolvendo as iniciativas”, conta.
Nesta entrevista exclusiva à Revista Filantropia, a triatleta fala sobre sua atuação no campo social, o Instituto Fernanda Keller e as necessidades de desenvolvimento social do país.


Revista Filantropia: Antes do Instituto Fernanda Keller, você tinha algum envolvimento com a área social?
Fernanda Keller: Não, eu não tinha nenhuma relação. Só comecei a atuar nesse segmento
a partir da fundação do instituto, em 2001.

Filantropia: Quais motivos a levaram a criar o instituto?
FK: A possibilidade de transformação foi um desses motivos. Acredito muito na força do esporte para a transformação do ser humano e do ambiente em que se vive. Pela prática esportiva é possível modificar – para melhor – a realidade de uma comunidade. Sem contar que foi por meio dele que eu consegui me tornar uma pessoa realizada tanto profissional quanto pessoalmente. Portanto, o instituto foi minha maior vitória e uma verdadeira motivação para conquistar todos os meus títulos no esporte.

Filantropia: Atualmente, você participa de outros projetos sociais?
FK: Infelizmente, o dia ainda tem apenas 24 horas. Como estou competindo profissionalmente no Ironman Triathlon – modalidade que engloba 3,8 km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km de corrida –, dedico de 5 a 8 horas diárias em treinos! Do contrário, provavelmente eu participaria de outras ações e projetos. O nosso instituto atende a cerca de 600 crianças e jovens. Estamos fazendo o máximo dentro da nossa realidade. Mas sempre que sou convidada por outros atletas, também vou aos eventos de suas instituições.

Filantropia: Como foi o processo de concretização e as maiores dificuldades enfrentadas para a constituição do instituto?
FK: O processo foi e ainda é de muita luta! No início, enfrentamos muita burocracia, falta total de recursos e tudo quanto é dificuldade que se possa imaginar. Mas, o que não falta por lá é boa vontade, determinação e muito orgulho do trabalho que desenvolvemos. Isso tem nos motivado a superar todos os obstáculos.

Filantropia: Como o Instituto Fernanda Keller é administrado?
FK: Quem cuida do instituto, na realidade, é minha mãe, Terezinha Keller. Ela é a responsável pela supervisão do projeto e tudo o que acontece internamente. Por conta da minha agenda, eu apenas acompanho o desenvolvimento dos trabalhos, mas sempre muito de perto.

Filantropia: Quais são os projetos desenvolvidos pelo instituto?
FK: Temos o projeto Escolinha de Esportes, que envolve aulas de vôlei, basquete, futebol de salão e ginástica olímpica; e o Projeto de Triathlon Fernanda Keller, que é um centro de treinamento de triatlo desenvolvido em parceria com a prefeitura de Niterói (RJ), o Exército e a Escola Oficial do Corpo de Bombeiros. É recompensador poder ver os frutos do seu trabalho por meio de um projeto social que atende crianças que, de outra maneira, não teriam uma chance assim.

Filantropia: Qual ensinamento de sua carreira como atleta você procura levar aos alunos do instituto?
FK: Tento transmitir a essas crianças e adolescentes a idéia de jamais desistir diante de qualquer obstáculo. De vencer a si próprios, lutando todos os dias para atingir seus objetivos. E, principalmente, procuro ensinar que eles devem ser muito felizes a cada conquista!
É recompensador poder ver os frutos do seu trabalho por meio de um projeto social que atende crianças que de outra maneira não teriam uma chance assim

Filantropia: Quais as conquistas que o instituto já alcançou? E as perspectivas?
FK: Nossas principais conquistas foram ter conseguido atender a milhares de jovens e, atualmente, prestar atendimento a cerca de 600 alunos; além de ver 10 de nossos jovens conquistarem bolsa integral universitária como atletas. Já na lista de perspectivas, pretendemos superar as burocracias impostas e angariar os recursos necessários para que possamos continuar a realizar nosso trabalho.

Filantropia: Você tem planos para expandir seu projeto?
FK: Não, não. Pretendo manter o que já temos e aperfeiçoar nossa atuação. Trabalhar com criança é muita responsabilidade. Não dá para ficar criando 1.001 coisas e, no final, não fazer nada direito. Sem contar que esse não é projeto de cunho financeiro, e, sim, um trabalho social. Existe um trabalho pedagógico, um procedimento monitorado, acompanhado dia-a-dia.

Filantropia: Em sua opinião, qual a importância do engajamento de atletas, artistas no trabalho social?
FK: Para mim, os atletas são o maior exemplo que o nosso país tem de conquistas e vitórias. Na maioria dos casos, são atletas que conquistaram suas vitórias sem o mínimo de apoio – principalmente financeiro –, mas pela vontade, pelo esforço e talento nato, já que não temos uma cultura do esporte no Brasil. Hoje, muitos atletas e personalidades estão buscando dar sua contribuição também na área social, motivados por uma disposição muito grande de transformar o país em uma nação de vencedores, não só de medalhas e títulos, mas, principalmente, na vida!

Filantropia: Quais são os caminhos para melhorar o atendimento às necessidades básicas do país, como educação, saúde, segurança, emprego etc.?
FK: Precisamos fazer valer as leis e levar à prisão as pessoas que fazem uso indevido do dinheiro que pagamos
em impostos, que poderia ter um destino muito mais útil se fosse devidamente empregado. Para melhorar, precisamos de homens e mulheres com coragem e dignidade. Quem governa precisa ter preparo e competência para administrar. Infelizmente, o que vemos são pessoas incompetentes e desonestas em elevados cargos, agindo de má fé e com descaso.


Site oficial Fernanda Keller
www.fernandakeller.com.br

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