Voluntariado organizado fortalecendo a luta contra o câncer

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Julho 2005 - 00h00
O Canto Cidadão levou a agenda de eventos da iniciativa Em Todos os Cantos para a mais jovem capital do país, Palmas, em Tocantins. Criada há apenas 16 anos, a cidade recebeu as palestras e visitas hospitalares da ONG de São Paulo, cujo objetivo é sensibilizar gestores públicos e privados, estudantes e profissionais da saúde e comunicação, e cidadãos em geral para a importância do protagonismo social e fortalecimento do Terceiro Setor.

Dentre as atividades realizadas nos quatro dias de permanência em Tocantins, representantes do Canto Cidadão visitaram uma organização social que há quatro anos atua com a finalidade de controlar o câncer no município de Palmas, com desdobramentos em todo o estado. A Liga Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer reza a cartilha da Divisão Nacional de Doenças Crônicas Degenerativas do Ministério da Saúde Brasileiro, que preconiza a prevenção, o ensino e o estudo. A pertinência da atividade é sustentada pelas estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que prevê para o ano de 2005 a ocorrência de mais de 467 mil novos casos de câncer.

Os tipos mais incidentes, além do câncer de pele não melanoma, serão de próstata e pulmão, no sexo masculino, e mama e colo do útero, para o sexo feminino, acompanhando a mesma magnitude observada no mundo. São esperados 229.610 novos casos para os homens e 237.830 para as mulheres. Ainda segundo o Inca, o número de casos novos estimados distribui-se de forma heterogênea nas unidades da federação e capitais do país, merecendo atenção de norte a sul.


Lições de vida

Durante a visita foi possível conhecer a trajetória do projeto social, que, mesmo jovem, já possui papel de destaque na área da saúde tocantinense. E um aspecto cultural fez e vem fazendo a diferença na história da ONG: a fundadora e atual presidente, Nadir Maria Hoff, atuava em uma entidade de mesmo nome em sua terra natal, Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. Quando fez as malas rumo a Tocantins, colocou na bagagem as experiências vividas em vários anos de voluntariado e protagonismo social, e a certeza de que poderia dar continuidade às  atividades em seu novo endereço.

“A atuação social se tornou parte indissociável de minha rotina. Não me via saindo do trabalho, por isso decidi reunir pessoas e começar o atuar aqui em Palmas”, conta Nadir. Reunir pessoas interessadas em protagonizar a melhoria da saúde pública parece ser a vocação da fundadora, uma vez que pela Liga já passaram centenas de voluntários e atualmente 85 se dedicam com regularidade aos projetos.

Antes de revelar as práticas da entidade, vale ressaltar o caso de uma voluntária de 83 anos, dona Esmeralda Alves, que relatou de forma tranqüila e segura sua carreira de voluntariado. Há quase um ano ela faz parte do time e conta que há décadas ajudar o próximo faz parte de sua vida: “Quando eu fiquei alguns meses sem poder ajudar, por causa de uma dificuldade de locomoção, senti que a minha vida perdia sentido a cada dia. Afinal, estamos aqui para construir um lugar melhor, para nós e para o mundo”. Ainda completa: “Tem gente que me diz para ficar em casa, curtindo a minha melhor idade. Eu sempre respondo que melhor idade para mim só faz sentido se eu fizer aquilo que eu gosto e o voluntariado é e sempre será uma grande fonte de satisfação e energia de vida para mim”. Impossível seria ignorar o exemplo de dona Esmeralda, que chega devagar com sua bengala em punho. E devagar, mas sempre, ela ajuda a produzir peças de crochê, que são vendidas nos bazares promovidos pela Liga.


Linha de atuação

A ONG tem uma divisão clara das tarefas a serem realizadas, o que gera comprometimento e qualidade na execução. “O voluntário produz mais e melhor e se sente realizado quando seu papel está claro”, orienta Nadir. As equipes estão divididas em alguns segmentos de atuação, como artesanato, espiritual, educacional, de divulgação, assistencial, social e diretoria. O organograma, que faz lembrar departamentos de uma empresa, gera fluência e resultados.

Um exemplo é o time de artesanato, cujas atividades de produção de bordado, crochê, pintura e costura fazem parte de um calendário com divisão de datas e horários. Desde fevereiro de 2004, em média oito voluntárias freqüentam diariamente a sede da entidade, entre 14 e 17 horas, produzindo as peças a serem comercializadas em bazares. Naquele ano foram dois os eventos: comemoração ao Dia das Mães e festas natalinas.

Toda a renda arrecadada foi revertida para as famílias carentes dos pacientes portadores de câncer. Para Nadir, “é uma fórmula interessante, que alia a necessidade da captação de recursos à atividade direta dos voluntários, o que faz com que eles se sintam recompensados quando vêem seu talento e dedicação se reverterem em melhoria na qualidade de vida do público atendido”.

Já a equipe espiritual faz visitas semanais ao Hospital Instituto do Câncer e, quando solicitado, também em domicílio. Aspecto interessante da equipe é a realização de batizados dentro do ambiente hospitalar, comandados pelo padre Sebastião Lima. Em 2004 foram quatro.

Além de captar recursos e cuidar dos assuntos da alma, a Liga também promove a educação quanto à importância, principalmente, da prevenção e combate ao câncer. No ano passado foram quase 20 eventos de sensibilização, realizados com amplo apoio de palestrantes voluntários, em parceria com empresas e os governos estadual e municipal.

Houve palestras e cursos sobre tabagismo, câncer de mama, câncer de próstata, doação de sangue e cidadania, entre outros temas. O esforço pela conscientização está alinhado ao que pregam grandes nomes da saúde mundial: a única medicina que funciona de verdade é a preventiva. A presidente da entidade concorda e conta que o nível de desinformação do cidadão da região chega a impressionar. “Cuidados básicos e aparentemente óbvios são grandes novidades para muitos, que comparecem aos eventos e, pela aplicação das dicas no dia-a-dia, podem diminuir os riscos de sofrimento e utilização de recursos públicos com tratamento posterior”, explica ela.


Repercussão dos projetos

A Liga conhece a história da galinha e da pata, e sabe qual o segredo da primeira para ter seu produto muito mais conhecido e apreciado. A comunicação é a resposta, uma vez que a pata anuncia com ênfase sua obra. Seguindo o exemplo da ave bem-sucedida, a ONG divulga amplamente seus trabalhos, pela conquista do apoio da imprensa escrita, falada e televisionada.

Foram diversos convites para apresentar os trabalhos em veículos de comunicação, o que traz efeitos positivos tanto para a multiplicação das mensagens quanto para o fortalecimento da própria entidade. “As ONGs precisam se relacionar com a imprensa e isso se faz com organização, persistência e demonstração de resultados. Uma vez mostradas a competência e a utilidade, as portas fi cam mais fáceis de serem abertas”, revela Nadir.

Dentre todas as atividades empreendidas pela entidade, a equipe assistencial responde por aquelas com maior poder de impacto, uma vez que atua no front de batalha, junto a pacientes e os diversos tipos de necessidades. Para fazer parte do grupo que atua nos hospitais, o interessado passa por uma capacitação de 12 horas, recebendo informações indispensáveis para o sucesso das atividades, que vão desde o simples e precioso ato de ouvir até a doação de itens. No ano passado, foram três cadeiras de rodas, oito passagens aéreas, 400 vales-transportes e 145 cestas-básicas. O grupo ainda distribui kits de higiene, promove cortes de cabelo e campanhas de higienização das mãos – grande trunfo no combate às infecções –, fornece ajuda financeira na compra de medicamentos e intervém para a agilização de marcação de exames junto às secretarias de saúde.

“Fazemos qualquer negócio para amenizar o sofrimento daqueles que estão vivendo o desafio de lidar com um câncer. Só a doença já é uma grande batalha e o quadro se agrava quando faltam condições financeiras. Queremos caminhar junto com o paciente, fornecendo aquilo de que ele estiver precisando, materialmente ou não”, conclui Nadir orgulhosa.

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